Recentemente, fui convidada pela historiadora e estudante de cinema Ana Nascimento, que possui um canal sobre cinema voltado para um público mais juvenil. Então a nossa conversa foi sobre o cinema na década de 1980, em especial a filmografia do diretor, produtor e roteirista estadunidense John Hughes que faleceu em 2009. A sua obra ainda pode ser encontrada vez por outra na sessão da tarde da TV aberta ou ainda em algum serviço de streaming. Quem nunca assistiu Curtindo a vida a adoidado, Gatinhas e Gatões, Mulher Nota Mil e Clube dos Cinco na tela? Por exemplo, eu vi diversas vezes, cada vez com um olhar totalmente diferente.
São obras que retratam o universo juvenil daquela década. Foi um diretor que lançou tendências musicais como o clássico Don’t you forget about me da banda britânica Simple Mind que é a música tema do filme The Breakfast Club, em português Clube dos Cinco.
Apesar de ser uma obra datada, como qualquer outra de décadas anteriores, é passível de inúmeras críticas, como a falta de representatividade, a superficialidade ou até misoginia em algumas passagens. Porém, à época o cineasta buscou trazer à baila de maneira irônica o universo adolescente, a partir dos conflitos de uma escola localizada num subúrbio norte-americano, bem como apresentar algumas fraturas como a opressão escolar, o medo em relação ao futuro, a angústia em relação ao sexo, a desigualdade socioeconômica, quando se observa a polarização entre os “populares” e os “não tão populares” assim, além das questões familiares, como a rejeição, a falta de diálogo e a violência doméstica. Aliás, são temas recorrentes em muitos de seus roteiros desse gênero.
É nessa linha que podemos observar The Breakfast Club, o Club dos Cinco, que estreou no Brasil em 1985, bem no momento em que estávamos no processo de redemocratização do nosso país, que se concretiza com a promulgação da Constituição Federal de 1988. Nessa época, muitas bandas já lançavam tendências como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Biquini Cavadão, entre outras. Além disso, foi exatamente nesse ano que ocorreu o primeiro Rock in Rio em janeiro na zona oeste, em Jacarepaguá, um evento histórico que reuniu artistas nacionais e internacionais, que até hoje me causam um certo fascínio, em especial a desenvoltura de Freddy Mercury, da banda Queen, cantando Under Pressure no palco. É bem verdade que eu era uma menina de pouco mais de 9 anos, mas relembro com carinho os anos 80.
No Brasil, em 1985, o nosso cinema nacional filmes como Rock Estrela, um musical com Leo Jaime, Malu Mader, Celso Blues Boy, entre outros, marcaram uma geração. O filme se insere na trilogia do diretor Lael Rodrigues, que dirigiu também as películas Bete Balanço e Rádio Pirata, que contam com bandas e cantores incríveis da época como Metrô, RPM, Tokyo, Cazuza, Fito Páez, entre tantos outros. Acho que vale super a pena conferir essa trilogia filmográfica sobre o Rock nacional dessa época, aliás tem muita coisa legal no Youtube.
Então, retomando, compartilho o projeto da querida Ana Nascimento, que se aprofunda nessa temática no seu Instagram link aqui: @annaoficial95.
Até breve.
2 Comentários
Cada um dos temas que você trata fala com mais conhecimento e propriedade. Parabéns, sempre muito bom vir aqui.
Obrigada ☺️- Autor
obrigada querida!